segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nietzsche de leve


''Sim, eu sei muito bem de onde venho!
Insaciável como a chama no lenho
Eu me inflamo e me consumo.
Tudo que eu toco vira luz,
Tudo que eu deixo, carvão e fumo.
Chama eu sou, sem dúvida''.

Ecce Homo F. Nietzsche

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Declaração de amor solta


''Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia, eu que já amava de extremoso amor o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado, onde tem o desenho cômico de um peixe — os lábios carnudos como os de uma negra.

Divago, quando o que quero é só dizer te amo.

Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba.

Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto:

"Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros".

Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.

Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece, tira de mim o ar desnudo, me faz bonita de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega, me dá um filho, comida, enche minhas mãos.

Eu te amo, homem, exatamente como amo o que acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho.

Amo até a barata, quando descubro que assim te amo, o que não queria dizer amo também, o piolho.

Assim, te amo do modo mais natural, vero-romântico, homem meu, particular homem universal.

Tudo que não é mulher está em ti, maravilha.

Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos,a luz na cabeceira, o abajur de prata; como criada ama, vou te amar, o delicioso amor: com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso, me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles eu beijo''.

Poema 'Para o Zé' de Adélia Prado.
Adélia Prado era 'o cara', digo 'a mina', rs, consegue traduzir muito bem o que sinto e como sinto.

;*

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Da agonia



''Este é o livro de nossos dias, esse é o dia de nossos amores...''

Por agonia se nasce, se morre, se conhece, se esquece, agonia é um combustível natural.
Eu não me canso de querer, quero o sol de todas as manhãs, quero sentimento verdadeiro, quero mais sorrisos menos testas irritante e automaticamente franzidas, quero a paz, a conquista de uma vida toda.

Muitas coisas estão na minha cabeça, meu coração está na mão.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sobre tristeza




''É melhor ser alegre que ser triste, a tristeza é a pior coisa que existe...''

Vinícius tem toda a razão, sem dúvida é totalmente mais aceitável ser alegre que ser triste, mas no ponto de ser melhor, tenho minhas sérias dúvidas, até porque a alegria não é um sentimento nato, diferente da tristeza, a gente nasce triste, chorando e com medo, e normalmente não está muito feliz quando morre, logo a tristeza é natural e a alegria, não.
É interessante pensar por esse lado, e como eu tenho me sentido bem mais triste que feliz a um bom tempo, chega até á ser reconfortante saber que eu não tenho nenhum problema em me sentir assim, que melhor que isso, o que eu sinto é necessariamente o lógico, o natural, a alegria é que é artificial, forjada, não que não tenha seu valor! Eu gosto de me sentir alegre, mas é um sentimento traiçoeiro, sempre parece que está faltando alguma coisa e quando finalmente se sente completo dura muito pouco, acho que o melhor á fazer é começar á ver os pontos positivos da tristeza, parece bizarro, mas acredito que ajuda, e muito.
Eu vou tentar.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tuca não esquece!



Começo 2010 tendo um blog, preciso voltar á escrever, pois o que desmodestiadamente eu chamo de 'dom' tão logo pode acabar por se perder e ficar só a vontade, sem nenhuma habilidade.
Farei deste ano o ano das minhas miudezas, e meus textos sem propósito aparente.
Não sei o que as pessoas farão desde ano, em todo caso, um excelente ano a todos.